A Verdade Sobre a Copa das Confederações de 2005: O Brasil Jogou Mesmo Tudo Isso?

A Copa das Confederações de 2005 ficou marcada para sempre na cabeça do torcedor brasileiro. Basta a seleção atual tropeçar que logo alguém solta: “Ah, mas aquele time de 2005… aquilo sim era futebol!” Afinal, quem esquece de um 4 a 1 em cima da Argentina, com Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e companhia brilhando?

Mas será que aquela campanha foi realmente perfeita do começo ao fim? Ou será que nossa memória escolhe lembrar só da parte boa?

Vamos voltar no tempo e relembrar o que foi, de fato, aquela Copa das Confederações.


O contexto antes do torneio: clima de incerteza

Em junho de 2005, o Brasil não vivia seus melhores dias. Tinha acabado de perder por 3 a 1 para a própria Argentina nas Eliminatórias da Copa, e a equipe de Parreira estava longe de ser unanimidade. O famoso “quadrado mágico” encantava no papel, mas ainda precisava provar muito em campo.

Sem Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo, o time foi para a Alemanha com Adriano, Robinho, Kaká e Ronaldinho liderando a esperança da torcida.


Fase de grupos: altos, baixos e drama

A estreia foi animadora: 3 a 0 na Grécia, com gols de Adriano, Robinho e Juninho Pernambucano. Mas logo veio o balde de água fria. Na segunda rodada, o Brasil perdeu por 1 a 0 para o México, gol do artilheiro Borgetti. O time não conseguia se encontrar e os erros defensivos preocupavam.

Na última rodada da fase de grupos, o Brasil precisava ao menos empatar com o Japão — comandado por Zico — para ter chances de avançar. O jogo foi tenso e terminou 2 a 2. A classificação veio só pelo saldo de gols. Por pouco, a seleção não foi eliminada na primeira fase, como já tinha acontecido em 2003.


Semifinal: uma batalha contra os donos da casa

Nas semifinais, veio o clássico contra a Alemanha. Adriano abriu o placar, mas logo Podolski empatou. Ronaldinho fez de pênalti, Ballack respondeu na mesma moeda. E então, o Imperador apareceu de novo: com um belo gol no fim, garantiu o 3 a 2 e a vaga na final.

Foi um jogo duro, nada de espetáculo. Mas o Brasil avançou.


A final: o grande momento que marcou uma geração

Aí sim, veio o jogo que criou a lenda. Diante da Argentina, o Brasil jogou com vontade, velocidade e talento. Goleou por 4 a 1: dois de Adriano, um de Kaká e outro de Ronaldinho. A torcida vibrou, o mundo elogiou, e os argentinos saíram atordoados.

Foi uma atuação de gala. Mas foi, também, um ponto fora da curva dentro daquela campanha.


A ilusão da preparação para 2006

Depois da conquista, muitos acreditaram que a seleção estava pronta para ganhar o mundo de novo. Mas o tempo mostraria outra realidade. Na Copa de 2006, o Brasil caiu diante da França, sem brilho, sem reação.

Aquela vitória sobre a Argentina foi marcante, sim. Mas ela escondeu os problemas que o time já mostrava — e que voltariam a aparecer.


Não foi só em 2005: o roteiro repetido de heróis e sufocos

Curiosamente, esse “drama com final feliz” se repetiria em outras edições da Copa das Confederações. Em 2009, o Brasil perdia por 2 a 0 dos EUA na final, virou para 3 a 2 e foi campeão. Em 2013, bateu a Espanha com autoridade por 3 a 0, depois de passar por momentos complicados na fase de grupos.

Ou seja: quando o torcedor lembra com carinho daquela seleção, é bom lembrar também que o brilho veio depois de muitos sustos.


Conclusão: nem só da final viveu aquele time

O título de 2005 foi especial, mas não foi uma campanha perfeita. O Brasil oscilou, sofreu e quase caiu na fase de grupos. A goleada sobre a Argentina marcou época, mas não pode apagar os jogos difíceis, os erros e as limitações daquele elenco.

Antes de dizer que “aquele time sim era bom”, vale a pena olhar o todo. Às vezes, nossa memória joga com camisa 10, mas esquece que o jogo tem 90 minutos — e alguns deles foram bem sofridos.

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